O consumo de substâncias entorpecentes sempre existiu na humanidade. Membros de diversas religiões primitivas tinham o hábito de consumir produtos que causavam alucinação, pois havia a crença de que, dessa forma, a transcendência se tornava mais próxima do fiel. Ainda há resquícios de tais práticas na pós-modernidade e muitas seitas de hoje incentivam o consumo de drogas entre seus membros em diversos tipos de ritos.
Em nível psicológico, o problema hoje das drogas remete ao esvaziamento das tradições e à decadência das instituições que, até pouco tempo, orientavam a vida dos indivíduos. Praticamente não era preciso pensar sobre o que fazer, tal o poder institucional que pesava sobre o individuo, direcionando as suas ações. Essas instituições eram representadas, por exemplo, pelo núcleo familiar e pelas religiões. Mas com o advento da modernidade e a cristalização das idéias iluministas, o sujeito se torna cada vez mais autônomo e livre dos grilhões das tradições. Com a perda dessa referência institucional, muitos são facilmente seduzidos pelo caminho das drogas. Não se trata de fazer uma apologia de volta ao passado, onde a subjetividade não era valorizada e onde o indivíduo agia quase sem pensar, dado o peso da instituição. Mas se trata, sim, de desenvolver práticas que aprimorem essa autonomia individual, hoje tão valorizada. Nesse sentido, as práticas de ajuda aos dependentes devem desenvolver neles a consciência de seu próprio valor como ser humano. Há teorias no campo da psicologia que afirmam que os sentimentos de responsabilidade e de dever dão um novo sentido à vida de pessoas com tendência ao desespero.
Desse modo, o Estado tem fundamental importância no combate repressivo ao tráfico de drogas e na criação, na medida de suas possibilidades orçamentárias, de clínicas de reabilitação de dependentes. As políticas públicas devem caminhar nessa direção. Mas a própria sociedade precisa e deve se mobilizar no combate às drogas. Isso pode ser feito através da organização de pais e mães de dependentes que se reúnem para a troca de experiências e para a busca de soluções comuns para seus problemas. Com esse intuito, podem ser criadas organizações não-governamentais ou associações comunitárias que proporcionem o diálogo e que façam um trabalho de prevenção ao problema das drogas.
As práticas de solução são inúmeras. O Estado e a sociedade devem se mobilizar para enfrentar esse terrível mal que tem minado principalmente a vida de jovens no mundo todo, tendo em vista que é a juventude que está mais vulnerável a esse problema. Somente assim é que esse mercado ilegal que movimenta um gigantesco volume de dinheiro terá a sua base suplantada e poderá ser enormemente reduzido num futuro próximo.
Marcos Antônio Avelino Soares
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