sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Belchior, o poeta cantante




O cantor e compositor cearense Belchior pode ser considerado uma espécie de estrela solitária dentro do universo da Música Popular Brasileira. Ele é, sem dúvida, um artista ímpar, ou seja, sem par! Belchior não se constrange a se mostrar completamente humano em suas canções. As suas letras sempre deixam transparecer as experiências pessoais que já vivenciou, pois, como ele mesmo já admitiu, sua obra tem um caráter pessoal.
Talvez aí resida a receita de seu contínuo sucesso junto aos seus fãs. Estes, sem dúvida, se identificam com a extrema carga poética das suas canções. Certamente todos já passaram ou ainda passam por algum Momento Belchior em sua vida. Realidades simples, mas cheias de sentido, como a frieza e indiferença entre os membros da família na hora do almoço, a sensação de desespero típica da juventude, a tomada de consciência de um rapaz latino-americano ou a sensação de tristeza ao descobrir que o esforço das gerações mais jovens para se diferenciarem de seus pais até agora foi em vão. Ou então a paixão por uma mulher! As canções de Belchior têm sangue e respaldo no real. Um homem que conhece o seu lugar e não se inibe ao discordar esteticamente da obra de ícones sagrados, como Caetano Veloso, Chico Buarque ou Gilberto Gil, sem, contudo, desmerecê-los. Pois estes são também, sem dúvida, artistas de valor inestimável.
Belchior é um artista de obra melancólica pelo o que nós poderíamos ter sido e ainda não somos. E ainda é um sujeito franco que não reproduz regionalismos nefandos que só servem mesmo para reproduzir o atraso do Nordeste brasileiro, pois, como ele mesmo já afirmou, o Nordeste é uma ficção!
Enfim, as canções de Belchior são capazes de purificar qualquer alma angustiada! Ele mostra a doença e o meio de saná-la! Freud? Para quê? Belchior é infinitamente melhor!

Marcos Antônio Avelino Soares

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