A TFP não é um movimento religioso católico, embora seus membros sempre façam questão de se apresentar como católicos. E, até mais do que isso, se julguem os autênticos e os praticantes do verdadeiro catolicismo. Por sua própria definição, a TFP é a “Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade”. Foi fundada pelo professor Plínio Correa de Oliveira, inspirada na Cavalaria Medieval e tinha entre suas finalidades primeiras “combater, por vias pacíficas e legais, a expansão do comunismo internacional”. É uma sociedade civil, formada por sócios e cooperadores. Dentro da sua Defesa da Tradição, muito cedo ela entrou em conflito com os princípios e com a linha de renovação do Concílio Vaticano II, opondo-se principalmente às mudanças que foram introduzidas na vida da Igreja e na Liturgia pós-conciliar, rejeitando movimentos e condenando pastorais reconhecidas e eficializadas pela Igreja. Atendendo aos apelos do Concílio, a Igreja, no Brasil, através da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), assumiu um profundo compromisso com o homem da terra, os lavradores, suas associações e lutas. A TFP opõe-se a esse compromisso e uma das pastorais mais hostilizadas por ela foi, justamente, a CPT (Comissão Pastoral da Terra). A tudo isso se acrescente o caráter esotérico e o fanatismo religioso da entidade. Tais fatos levaram a Assembléia da CNBB de 1985 a reconhecer que não havia comunhão da TFP com a Igreja no Brasil, sua hierarquia e nem mesmo com o papa. E, assim, em abril de 1985, a CNBB, em nota oficial, passou a desaconselhar os católicos a ingressar na TFP e a colaborar com ela. Mais recentemente, após a morte do professor Plínio, houve uma dissidência na TFP e surgiu um novo grupo, a “Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima”, que, ao menos, busca uma aproximação com a Igreja. Seus métodos e princípios ainda trazem muito do aprendido com a TFP, mas eles dizem estar a “serviço da nova evangelização”.
Isso, porém, é outro assunto! Estar em comunhão com a Igreja não é simplesmente vestir uma roupagem e ter um belo discurso. É necessário viver plenamente o Evangelho e partilhar a vida com os irmãos, especialmente com os menos favorecidos e os mais pobres.
(Escrito por frei Anacleto Gapski, OFM, para a Revista Família Cristã – Maio/2001)
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