Pensar é analisar e sintetizar, separar e unir. Esse jogo de operação mental estimula o pensar. O pensamento atual acentua demasiadamente a análise. Em busca de equilíbrio, cabe insistir na síntese, na ligação entre os pensamentos, num pensar inclusivo, na percepção das implicações mútuas entre as idéias, nas relações inter-retro-para-frente. Favorece as operações mentais de ligação, conjunção, inclusão, implicação, síntese, e não tanto de separação, de diferenciação, de oposição, de seleção, de exclusão, de acumulação, de análise.
A inteligência analítica procura perceber em que uma realidade não é outra. Assim, quando pensa, por exemplo, a relação entre política e fé, num primeiro momento analítico distingue uma da outra. A política visa ao poder. A fé à salvação. A política pensa como conquistar ou manter poder, e para isso analisa todas as realidades sob este ângulo. A fé situa-se diante de uma Palavra transcendente a ser acolhida. E esta revela o mistério de Deus em sua relação conosco. E assim poderíamos ir avançando a análise.
A inteligência sintética tenta recuperar dessas análises os pontos de comunhão, de aproximação. Consegue ver como a política e a fé se encontram numa busca comum da felicidade do ser humano, da construção de uma sociedade justa e fraterna sob prismas diferentes. Na diferença, há uma igualdade radical. Ter a capacidade de encontrá-la revela esse lado inclusivo da inteligência. Na análise, um não é o outro. Na síntese, um é o outro, embora sob perspectivas diferentes.
A Arte de Formar-Se. João Batista Libanio. Edições Loyola, 2001. Pág. 28-29.
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